2 de maio de 2011

Estilhaço (2ª Parte)

Esmurrei o espelho. Estava estilhaçado. Estava como eu...
No entanto, tendo em conta que mostrava uma centena de "eus" repugnantes, isso não me agradava nem um bocadinho. Tinha uma dor aguda na mão e uma pequena poça vermelha aos meus pés. Nada disso era importante. O raio do espelho, em vez de parar de reflectir a minha imagem tinha-a transformado em pequenas réplicas de tudo o que eu não queria ver: eu próprio!
Eu, esse cancro; esse desperdício de espaço terrestre, sem propósito...
Não me curou, este estilhaçado espelho, dos milhões de estilhaços ignóbeis, dentro de mim.
Odeio a minha raça! Os estilhaços de vidro misturados com o meu sangue lembram-me os estilhaços que causei em famílias inocentes.
Como se pudesse esquecer... Os gritos, o desespero e a dor dançam na minha cabeça, como gaivotas num cais, a chiar enquanto tentam apanhar peixe.
Escrevo isto, porque não aguento. Não ME aguento mais, não tenho força suficiente para morrer devagar com todo este turbilhão histérico, na minha cabeça a consumir-me. Por isso vou destruir a única pessoa que o mereceu este tempo todo: eu; e tornar-me eu próprio, num monte de estilhaços.

3 comentários:

  1. (...)"Mas esse caminho pode ser mudado. Acontece quando menos estás a espera. Quando te acontece apercebes te porque é uma sensação tão benigno, tão favorável que a tua alma não passa despercebida a frente dos teus olhos, como pássaros mortos a rastejarem em direcção ao teu cérebro. Comido vivo pelos teus sentimentos, já consegues pensar claramente no que te vai na alma. Sabes que há um sentimento que ainda está lá, como um monstro à procura de carne para morder. Está em busca daquela energia que tu sentes e não sabes o que é.
    Ele quer essa energia para ta tirar, para te roubar a felicidade que tu tão dificilmente arranjaste."

    Unkown Writer

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  2. @Dy: (sobre a última frase do teu comentário): tell me about it... :-/

    @Teresa: obrigado amor :)

    @Gui: why?

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