3 de maio de 2011

Balada Gótica

" Foi naquela Primavera negra de árvores escuras e despidas de folhas, em que o Sol mal se via, por detrás da cortina cinzenta do céu, quando vagueava naquele jardim de mármore, que te vi.
Teria chorado, se me fosse possível, pois ao fim de tanto tempo sozinho, sem encontrar ninguém na minha condição, esperava passar o resto da minha eternidade sozinho.
A vida depois da morte, nada mais tinha significado do que dor para mim, até esse dia.
Apareceste toda esfarrapada, coberta de sangue, com a pele pálida... Estavas como eu! Nessa altura, enquanto as minhas pernas fraquejavam, obrigando-me a sentar na campa de um qualquer sortudo, que gozava agora de um belo Sono Eterno, quase que podia jurar que ouvia as árvores velhas lamuriarem-se invejosas da tua beleza.
Aí, finalmente compreendi o porquê de ainda não estar na repousante escuridão do Reino da Morte: faltavas tu. Outrora a minha razão de viver, agora eras a condição para eu fechar os olhos para sempre; porque tu e eu somos duas partes de um só.
Vem. Vamos procurar um caixão e dormir finalmente descansados e, para sempre, em paz."

2 comentários: